10.22.2004

PLE apresenta : Onrop - O espelho: Smack my bitch up (editors cut). The act is done


Onrop - O espelho: Smack my bitch up (editors cut)

O baixar dos panos


De volta ao estúdio

A rapariga vestida de negro afaga-me o cabelo com ar preocupado:
- O que te aconteceu? Sentes-te bem?
- Onde estou? – pergunto, sentindo uma aguda dor no peito, à medida que me tento levantar.
- Estamos na rua, perto da sala de jogos onde nos encontrámos. Mas o que é que te fizeram?
- Foi o pulha do velho. Está feito! Aquilo vai arder com ele lá dentro!
- Mas o que é que ele te fez para estares neste estado?
- Não interessa! Só te digo que é um velho porco! Nunca mais vás lá, pelo menos sem ires armada!
- Mas tu estás bem?
- Sim. Ajuda-me a levantar, se não te importas. Levas-me a um café para comer qualquer coisa. Tenho a sensação que não consigo andar pelo meu próprio pé.
Quando me agarra pela cova dos braços sinto os seus seios volumosos junto à minha cara.
- Há dias em que vale a pena levar pancada. – digo sorrindo.
Com um olhar envergonhado finge não ouvir, olhando à sua volta como que procurando o caminho a seguir. Evita a direcção donde nos tínhamos encontrado e depois de andar cerca de um quarteirão, praticamente sem falar, entramos numa tasca.
- Desculpa não me ter apresentado. O meu nome é João.
- Eu sei. Nas guitarras são o Pedro e o Samuel, e no baixo e voz é o Escarumba. O meu nome é Anabela.
- Estou a ver que és nossa fã!
- Vocês são altamente. Ouvi dizer que vão em digressão para a Europa?
- É verdade. Partimos hoje à noite. Desculpa? Podes fazer-me um favor?
- Claro. Até te faço mais.
- Então ficas a fazer-me companhia? Preciso de alguém que vá buscar as encomendas ao balcão. A velhota desta tasca não se pode cansar!
Anabela larga uma breve gargalha, calando-se envergonhada, acena positivamente com a cabeça. Levanta-se e vai ao balcão pedir cerveja e croquetes. O seu andar tornou-se mais solto. Parece mais alegre e descontraída depois de me ter encontrado. Ainda bem. Fico feliz porque também me sinto assim.
Conversámos durante horas. Sobre desgostos amorosos, amigos, música e dos sítios onde costumávamos sair. A simpatia mútua levara à atracção, e esta ao desejo incontrolável dos corpos que se tocavam constantemente. Sem dar por isso não conseguia parar de tocar Anabela, nem ela de me tocar. Saltou para cima de mim deixando todos os velhos boquiabertos. Enquanto uns exclamavam “Que pouca vergonha” outros riam e aplaudiam-nos “Assim é que é. Fiquem à vontade. Com esta idade o único prazer que temos é em ver os outros”. Anabela pede-me para a levar dali. Pergunto-lhe se quer ir para o meu estúdio, que não fica muito longe da tasca, o que ela aprova. Andamos lentamente, eu coxeando, ela fixando o caminho que seguia. São sete da tarde e parece que é noite cerrada.
Abro a porta do estúdio e Anabela estende a sua cabeça:
- É mesmo aquilo que esperava. Um sítio amplo e muito desarrumado.
Não a deixo proferir mais uma palavra. Beijo-a ardentemente, sentindo nos seus lábios um misto de desejo e receio.
A sua cara muda de expressão. Agora parece receosa.
- Nunca fiz isto na minha vida. Tenho medo!
- Não tenhas receio, vai correr tudo bem. – respondo, acariciando-a.
Anabela beija-me. Sem pudor, desaperta lentamente a sua camisola. Depois as calças que escorregam pelas suas longas pernas. É-me revelada toda a beleza do seu corpo. Paro um instante para admirar aquela figura, pálida e bela. Ela sorri. Saboreio o gosto da sua pele e imito-a. Lentamente retiro a minha roupa. Segue Anabela massajando os meus seios. Beija-os e deixa-me feliz.
Trocamos caricias, conhecemos as necessidades uma da outra e sabemos como as satisfazer. A sua expressão revela o desejo para que o momento dure uma eternidade, e sempre um pouco mais. E mais. Só uma mulher para compreender outra, saciando a luxúria da companheira, da amante, fazendo-a sorrir, fazendo-a amar de novo. Está verdadeiramente feliz pela primeira vez, ambas o sabemos. O riso mistura-se agora com expressões mais sérias, as cores entorpecem e os sentidos despertam.
Estendidas na cama partilhamos agora o silêncio. Depois do prazer descansamos da cumplicidade do pecado. O tempo passa e não importa a velocidade com que ele corre. Bebemos um vinho e fumamos um charro. Um grande charro. E depois outro. E mais um copo de vinho.
Samuel entra no estúdio achando duas mulheres nuas a dormir:
- Assim é que eu gosto de te ver João: satisfeita. Vá lá, veste-te. Estamos à tua espera lá em baixo.


Jamila Janela21 de Novembro de 2002 e dias seguintes